Ouvir e Falar

Verbos extremamente significativos na nossa vida, no nosso dia-a-dia, nas relações. Eles são complementares, relacionados. O Espírito Santo fala e Ele fala sobre sua vida, casa, ministério. Entendo que a voz do Espírito é uma só e Ele traz uma mesma palavra sobre nossa vida, casa, ministério e sobre qualquer outro aspecto, área ou função da nossa vida. Somos seres integrais e somos parte do Corpo de Cristo, vivendo o propósito de Deus, a vocação, o chamado, a missão, onde, como, quando e com quem estivermos.
O chamado de Cristo é para que todas as dimensões da nossa vida se tornem sagradas, somos chamadas à santidade. Quer dizer que à medida eu desenvolvo a minha vida, vou me tornando conforme o caráter de Jesus e vou entendendo e assumindo os propósitos de Deus.
Se não tem sido assim, então, a nossa vida, compromissos, valores precisam ser repensados. Nós temos uma mesma vocação. Lugares, situações, relacionamentos, funções diferentes, mas uma mesma vocação. Há uma só Palavra do Espírito sobre a minha e a sua vida, envolvendo todas as dimensões. E dentro disso, somos chamadas pelo Espírito Santo a viver com coerência.
Uma pessoa pode ser filha, irmã, esposa, mãe, amiga, pastora, profissional, discipuladora. A vida dela envolve todas essas dimensões e outras. Ela recebeu um primeiro chamado de salvação, de ser filha, de ser discípula e outros específicos e a partir do momento que isso acontece, ela responde e abraça o que recebeu, e é assim que ela vai andar agora. Onde ela andar, com quem ela andar, será fruto de certeza, não de tentativas: “vamos ver se vai dar certo”. Não! Ela vai andar agora debaixo de uma voz que fala com ela, que a dirige, que a ensina: a voz do Espírito.
Uma das causas de doenças (depressão, dependência química e outras) é a contradição que as pessoas muitas vezes vivem: eu vejo minha mãe mentindo em casa e santa na igreja; eu vejo meu pastor pregando na frente da igreja e tendo condutas erradas no casamento e com suas finanças. Isso adoece quem está por perto e adoece a própria pessoa. São contradições. Não sigo a mesma voz, o compromisso com o Espírito Santo não é suficiente para que eu seja a mesma pessoa nas minhas diferentes funções. Não vivo com coerência.
O Espírito Santo fala e Ele me chama! Mesma vocação, mesmo chamado, mesma missão, onde e como eu estiver. Ele fala, e fala sempre sobre minha vida, casa e ministério e sobre todas as outras partes. Mas, e as outras vozes e os barulhos, eles também falam. E os inúmeros chamados e a publicidade? Que influência isso tem tido na minha vida?
“A sabedoria clama em alta voz nas ruas, ergue a voz nas praças públicas; nas esquinas das ruas barulhentas ela clama…” Pv. 1:20 e 21ª
Por quantas esquinas e ruas barulhentas nós temos andado/estado? Quantas vozes e de pessoas tão importantes para nós temos ouvido e fomos ouvindo ao longo da nossa vida! Desde antes de nascermos.
A primeira voz – talvez da nossa mãe? Que trouxe sobre nossa vida palavras tão boas e doces, mas também palavras complicadas, que nos marcaram e que até hoje carregamos. E que aos 40 anos de idade, uma mulher, casada, mãe de filhos, profissional competente, líder na igreja, mas não consegue romper com sentimentos, complexos, dores, porque ainda não conseguiu lidar com eles, enfrentá-los…
Palavras, gestos, atitudes, olhares, vozes externas, mas que encontraram um lugar dentro de nós. Vozes antigas, mas tão presentes e que ainda direcionam minha vida, palavras que oprimem, cuja intensidade é maior do que deveria ser…barulho… barulhos difíceis, mas que precisamos olhar para eles, caso contrário, não conseguiremos ouvir a voz da sabedoria, a voz do Espírito específica para nós. Talvez até consigamos ouvir, mas não conseguimos viver por ela. Opiniões de amigos, a voz do marido, a voz do pastor.
Barulhos que temos permitido que permaneçam e, muitas vezes responsabilizamos os outros. Os donos dessas vozes. Essa é a tendência da maioria, aprendemos assim. Atribuímos causa a algo ou pessoa, responsabilizo o exterior e então estou justificada. O outro me machucou, falou, mas agora o que eu posso fazer com isso? Como cuidar disso? Como cuidar da minha alma?
O Espírito Santo nos desafia a um novo modo de viver, a transformar a nossa mente, silenciar a alma…sossegar a alma… a ouvir com a alma. E nesse movimento novo, entregar-me à cura do Espírito Santo.
Isaías 50: 4b: “…Ele me acorda manhã após manhã, desperta o meu ouvido para escutar como alguém que está sendo ensinado.” É um processo… um processo do Espírito na nossa vida. E o primeiro passo desse processo que eu proponho é:
SILÊNCIO: Uma palavra necessária. Mais que uma palavra: Uma atitude necessária. Essa seria uma palavra que intermedia a relação entre o FALAR e o OUVIR. Uma palavra que lidamos pouco com ela, afinal, o barulho é mais fácil.
Vamos vivendo sem questionarmos muitas situações na nossa vida e quando a gente consegue se calar, elas vem à tona, ficam expostas diante de nós, nos expõe e então vemos que precisamos tomar decisões, efetuar mudanças, renunciar, nos submeter, sair do nosso lugar ou talvez encontrá-lo.
Que lugar o silêncio ocupa na sua vida, que papel ele faz, como você usa o silêncio, ele te perturba? O seu silêncio é aquele quando você emburra com o seu marido ou fica com raiva da sua amiga, dos seus filhos, do seu chefe? Esse é um silêncio de boca, um silêncio que fecha a alma, um silêncio onde penso só em mim mesma de forma egoísta.
A questão não é silenciar as minhas palavras, mas a minha alma, o meu eu, os meus desejos carnais, o meu egoísmo para começar a aprender a ouvir o outro, a ouvir o Espírito Santo. Isso é o início do processo, é exercício, é aprendizado.
Marisa Duarte

(Palavra ministrada no Encontro de Mulheres em Campinas-SP em Junho/2013)

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