Testemunho por Dione Mendes – Encontro de Mulheres (Campinas)
Nestes dias temos pensado em um Deus que fala, em mulheres que ouvem e no silêncio que sossega a alma para ouvir.
Assim como com você, Deus um dia me chamou, me falou.
Eu nasci numa família cristã. Morávamos na fazenda, e naquele lugar tinha muitas famílias, e tinha uma igreja. Eu cresci indo à Escola Dominical, e até os onze anos eu conhecia as histórias bíblicas através de uma revista para crianças.
Porém, um dia de Janeiro de 1.973 – dia que foi um divisor de águas na minha vida com Deus – eu, então com doze anos, passei uma tarde na igreja, acompanhando minha mãe numa reunião, de planejamento anual, das mulheres. Não era para minha idade, então fiquei à parte, e encontrando ali uma bíblia, comecei a ler Gênesis: “No princípio criou Deus os céus e a terra…”, e aquela leitura me cativou, de tal forma, que li vários capítulos, e fui embora embevecida , e um tanto pesarosa. Pedi meu pai para comprar uma bíblia prá nós, em casa tinha apenas o Novo Testamento.
Naquele ano li toda a bíblia, e Deus colocou um grande amor no meu coração por Sua Palavra.
Eu sentada em um tronco de árvore caída, e meditava no Salmo 19. Ele começa falando que a natureza proclama a glória de Deus, depois que a Palavra é perfeita, restaura alma, alegra o coração… e por fim que ela é mais desejável do que o ouro e mais doce que o mel. As palavras do salmista era o que estava transbordando em meu coração.
Não haviam me ensinado a meditar, mas eu levantava perguntas a cada versículo daquele salmo, e ficava nele até entender. Quem de fato quer ouvir, faz perguntas, e busca respostas no silêncio da alma, lá no íntimo onde Deus escolheu habitar. Ali há silêncio, na consciência da presença de Deus.
Ali no ambiente do campo, o silêncio favorecia o ouvir. Eu não conhecia ainda “as ruas e esquinas barulhentas”, nem o barulho de tantas ocupações e pré-ocupações, nos meus 12 anos, mas nem sempre seria assim. E, Deus continuaria falando.
Naquele tempo, eu nada sabia sobre chamado. Dez anos depois, então com 22 anos, fui convidada a ministrar um estudo bíblico pela primeira vez, e naquelas experiências de “ouvir” e repartir, então, Deus me falou: “Eu te chamei para ensinar a minha palavra.” E desde então, nesses últimos trinta anos, é o que tenho feito.
Em 2009 Deus colocou no meu coração fazer uma série de estudos bíblicos passando por toda a bíblia, de Gênesis a Apocalipse, ligando a história, dando assim uma visão panorâmica da bíblia, e pontuando alguns princípios e práticas da vida com Deus. A princípio pensei que fosse para apenas eu ministrar, mas não foi assim. E, esta série está também no blog WWW.encontrosecaminhos.com. Quando Deus colocou no coração da Marisa a ideia do blog, começou um tempo novo prá nós, mas, eu creio que faz parte do mesmo processo do nosso chamado, sendo que o ensino é repartir do que Deus tem nos ensinado.
Buscando de Deus a direção em relação à minha vocação, tenho aprendido a necessidade de silenciar a alma, de ouvir o Espírito. E cada vez que me perco com as “vozes”, os barulhos externos e internos, eu começo a perder o foco, me embaraçar.
Nas correrias, urgências e nas muitas preocupações da pós-modernidade, precisamos lembrar que pertencemos a um Deus, pertencemos a um lugar, e nesse lugar devemos viver – na presença do Pai. Viemos da Presença, fomos criado no Èden, que significa lugar de delícias, e é para lá que seguimos.
A consciência deste pertencer guia o nosso chamado, silencia a nossa alma.
Eu creio que Deus quer nos ensinar sobre o silêncio. Ontem, na “Dinâmica do Silêncio”, respondemos à pergunta: “Qual a primeira palavra que te vem à mente, quando pensa em silêncio?” E as nossas respostas estão pregadas nestas paredes. Ali está um pedacinho muito importante e significativo de cada uma de nós. Ali não tem palavras feias ou bonitas, espirituais ou não, nem respostas erradas… é algo de dentro de nós, e, eu creio que Deus quer trabalhar a partir desta palavra no seu coração. Não deixa isso se perder.
Por fim, eu quero compartilhar quanto às vozes que eu ouvi, e tentaram ser barreira, no meu coração, para o meu chamado. Porque são vozes externas, que se tornaram internas e trouxeram medo, e o medo, se permanece, pode nos paralisar.
Aos doze anos, quando o Senhor me levou a descobrir a Palavra como um tesouro preciosíssimo, eu não sabia dos propósitos de Deus. E, se alguém, naquele lugar, sequer “ouvisse” Deus pensando: “Ela vai ensinar a minha Palavra”, com certeza, diria: “Deus, o Senhor veio aqui nesse ermo, no meio do mato, mas deve ter errado de endereço; ela não, Senhor, pois para ensinar tem que abrir a boca… ela não conversa!” Algumas pessoas, aquelas mais inconvenientes, me perguntavam: “Você perdeu a língua?”
São vozes…
Mas, as coisas só acontecem porque Deus falou, acontecem a partir do que sai da boca de Deus. É assim comigo, é assim com você. Deus nos escolheu e nos chamou para ir e dar frutos, e, essa escolha aconteceu antes de provarmos nossas capacidades e exibirmos nossos talentos.
Ele chama, Ele fala e acontece. E é por isso que é tão importante ouvir, silenciar a alma e se deixar ser guiada pela voz que te chamou.
Dione Mendes
Ah! que lindo! que emocionante!
Marisa